terça-feira, 28 de maio de 2013

Um Balanço Necessário

A Primeira Luta contra Carlin
Um Balanço Necessário

por Gustavo Olimpio,
sindicalista e militante do PSTU

Gustavo Olimpio em manifestação do quadro administrativo da educação

Hoje, em assembleia nas escadarias da igreja São Gonçalo, os profissionais da educação do município de Contagem decidiram aceitar a proposta salarial oferecida pelo prefeito Carlin Moura (PCdoB). O prefeito impôs à categoria a divisão do INPC em duas parcelas (5% retroativo a maio + 2,16% em outubro), o que significa uma perda bruta de R$ 225,00 reais para os professores e R$ 100,00 reais para o quadro administrativo em relação à inflação. Significa também que, no primeiro ano de gestão do PCdoB, o prefeito descumpre uma de suas principais promessas de campanha e os servidores da educação não terão seus salários valorizados.

A assembleia de hoje foi muito dividida em sua votação final. Parte significativa dos presentes queria rejeitar a proposta e continuar o processo de mobilização, mesmo que ainda não tivesse clima de greve. Eu estive entre os que defenderam esse ponto de vista, que achei o mais adequado para nossa categoria, visto que a proposta é muito ruim, não é suficiente para de fato nos valorizar, e ainda havia espaço para mobilizar e fazer pressão sobre a prefeitura. Mas o entendimento da maioria foi que era melhor encerrar a campanha, aceitando a proposta do governo e acumulando forças para o ano que vem. Ainda que por uma pequena diferença, venceu democraticamente a segunda opinião.

Carlin Moura decepcionou a categoria

Aqueles que não estavam na assembleia podem ficar com a sensação de que, como a categoria aprovou a proposta, ela deve acha-la boa, ou estar de alguma forma apoiando Carlin. Nada é mais falso que isso. As avaliações feitas pelos servidores presentes, assim como as conversas dentro das escolas, mostram que os profissionais em educação estão revoltados com a prefeitura e que consideraram essa proposta um verdadeiro estelionato eleitoral.

Apesar da divisão nos encaminhamentos da luta, a categoria está unificada na compreensão de que Carlin Moura veio fazer um governo como todos os outros, que privilegia os ricos e os políticos, em detrimento dos servidores e da qualidade do serviço público. A ampla coalisão PCdoB-PMDB-PSDB (além de outra dezena de siglas de aluguel) serviu para ganhar as eleições, mas não serve para governar para os trabalhadores. A única prioridade do prefeito Carlin Moura é agradar seus financiadores de campanha, e eles não usam os serviços públicos da cidade.

Não temos saudades de Marília Campos

Em muitos momentos, durante as assembleias da campanha salarial, um pequeno grupo de militantes do PT usou a palavra para atacar a gestão de Carlin Moura. Acontece que muitas dessas figuras do PT estiveram compondo o governo Marília Campos, e apoiaram todos os ataques ao serviço público feitos nos últimos oito anos. Entre os quais podemos destacar a lei que obrigou centenas de servidores a trabalharem doentes, a ampliação significativa da terceirização, a recusa na aplicação das 30 horas para o quadro administrativo e para a saúde, a truculência injustificável de Lindomar a frente da SEDUC, o fechamento das FUNECs, o desmonte da EJA e um longo etc...

Uma das forças dos sindicatos é que eles não dividem os trabalhadores de acordo com suas ideologias, seus partidos, suas posições políticas. Acho muito bom que o PT tenha voltado às assembleias e esteja disposto a lutar contra Carlin e sua política de arrocho salarial. O que não posso aceitar é que se esqueça do sofrimento passado, das traições, de 8 anos de desastre político para os servidores de Contagem que foi a gestão da prefeita Marília Campos.

Se o PCdoB está errado quando coloca toda a culpa de seus erros no governo do PT, também o PT está errado quando tenta fazer o povo esquecer que a maioria dos problemas da cidade não foram resolvidos em seus oito anos de governo.

Só a luta pode garantir a educação pública que queremos

O único caminho para conquistar nossa pauta histórica de reivindicações é através da luta. É impensável que os governos que estão aí (sejam da esfera municipal, estadual ou federal) irão entregar de mãos beijadas uma educação pública, gratuita e de qualidade, com a valorização que o profissional de educação merece. A agenda desses governos está atrelada a interesses empresariais, dos grandes tubarões do capitalismo brasileiro, e os interesses dessas grandes empresas não é conciliável com o interesse da imensa maioria do povo brasileiro, incluindo aí os servidores públicos e aqueles que dependem desses serviços.

Nesse momento, minha solidariedade fica com os servidores em greve da saúde de Contagem, que pertencem a uma das categorias mais exploradas que conheço. Ofereço todo meu apoio a sua luta e desejo que, em breve, saúde e educação possam marchar juntos numa grande greve unificada dos servidores públicos do município.

Até o fim do governo Carlin teremos muitas lutas. Em todas elas, a prefeitura encontrará alguma desculpa para não atender nossas reivindicações. Uma delas, que já é utilizada, é que a prefeitura está endividada. Dívida essa que está sendo irresponsavelmente dobrada pela atual administração e seus seguidores na Câmara dos Vereadores.

Eu não considero que a campanha desse ano foi derrotada, por que ela serviu para conscientizar os trabalhadores em educação, para que a categoria entendesse que tipo de governo estamos enfrentando. A partir de agora, precisamos unir a educação, redobrar nossas forças, por que só teremos duas alternativas: passar quatro anos acumulando perdas ou fazer uma grande luta em defesa dos nossos direitos!

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